Rivalidade

Toda derrota deste ser que luta

É por esta perfeição que tens nata,

Por esta tua zombaria ingrata,

Porque ris perante minha labuta.

Palavra, rainha, que posso eu fazer?

És tudo em meus versos, e mais que isto,

És a paz que eu teria bem quisto,

A loucura que eu não queria em meu ser.

Rival de meu réu, és a pura espera.

Espaço da boca, o oculto do olhar.

Cultivo suas letras sem nada arrancar,

Mas não tenho em ti minha primavera.

Tão sublime, oh palavra, e eu nada.

Tão alta, celeste, e eu tão escada.