Amar de fato
O beijo é um pretexto para o esporro!
Quem quer beijar o lábio assanha a vulva.
Amar é manejar, sem usar luva,
O corpo de onde flui libido a jorro.
Paixão é fervilhar, por trás de um gorro,
Na danação vulgar de cada curva.
Quem finge um romantismo estraga a uva,
Sucumbe a um tesão, pede socorro!
O amor da raça humana é só um viço,
Um mal embrionário, um bom feitiço,
O gozo de antropófaga paixão.
(Talvez) amar de fato é estar de luto
E ter, ainda, afeto absoluto
Por quem está murchando num caixão.