DIVINO PRESENTE

Olhou pra trás e quis voltar, arrependido

Não poderia, o precipício era gigante

Voraz, ardia aquele abismo fumegante

Viu um cenário aterrador, tudo perdido

Da félea névoa o cheiro forte, nauseante

O nosso herói deixou sem força, esmaecido

Ali jazia um grande sonho... Entristecido,

Não mais queria levantar, ir adiante

Ah, se soubesse do verdor e da pujança

Daquele campo deleitoso, sorridente

Não deixaria se apagar sua esperança

Precisa crer que d'alvorada o beijo quente

Traz um pedido: "tenhas fé, perseverança

De novo sonhes... Eis a vida, teu presente!"