Ejaculação
De toda boca escapa às vezes, vã,
Sem precisão, sem precaução nenhuma,
Como da dor a ejaculada espuma,
Uma mentira - a comunhão pagã
Que rege o caos de muita mente sã.
E o coração, que é traiçoeiro em suma,
Frequentemente a ilusão costuma
Tornar do amor a simulada irmã.
E da lascívia escapa ainda um grito
Equivocado, prolongando o rito
Do embuste, cheio de tesão e horror.
Antes dissesse, mais ousada e louca,
Justificando a grã-volúpia, a boca:
Ejacular não é falar de amor.