CEMITÉRIO DE SONHOS
“Lampedusa, meu amor”
No lusco-fusco daquela alta madrugada
Por entre inesperado e denso nevoeiro
Surge o fantasma de um barco forasteiro
Carregado de corpos co´ a sorte tramada…
Desafiando a triste sina em tudo ou nada
Em troca de um destino, dito alvissareiro,
Chegaram finalmente ao éden derradeiro
Daquela terra promissória e encantada.
Lá mais p´ ra trás ficaram navios perdidos
Na tragédia do mar e nas marés suicidas
Que sepultaram, sonho a sonho, tantas vidas…
E na mira da esperança, náufragos vencidos
Pela angústia, p´ la fome, p´ la sede e p´ lo medo
Repousam no teu cemitério de segredo.
- Mas até quando, ó Lampedusa meu amor,
Conseguirás ser âncora e asilo nessa dor
E nesse vazio oásis que se fez degredo?
É tão agreste o caminho da liberdade
E tão obscura a luta pela Eternidade!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA