VELHO E SOZINHO
Lembro-me de quando moço ainda eu era,
Vivia correndo pelos campo a colher flores.
Pois sabia que havia a minha espera...
Dezenas, centenas, milhares de amores
Que, sorrindo, atiravam-se em meus braços,
Como se houvera sido por mim enfeitiçadas.
Algumas seguiam todos os meus passos,
Ah, com certeza aquelas mais enciumadas.
Eu, arrogante, me punha orgulhoso,
Assim como Narciso via-me formoso;
Portanto, recusava-me a dar carinho.
O tempo implacável passava eu nem notava
Que, uma por uma de mim se afastava:
Agora, eis-me aqui, velho, acabado e sozinho!