Morte discreta
Tomara a morte, que é do mundo o medo,
Aprenda a ser um pouco mais discreta.
E encerre em verso o lutuoso enredo,
Como se fosse um sonhador poeta.
Porque tememos não que venha cedo,
- que é sua hora sempre predileta -
Mas que nos rasgue da ponta de um dedo
Até o átomo que nos completa.
Como ela vem, e não há outro jeito,
Tememos mesmo é padecer no leito
De uma doença - sua irmã e sócia.
Quero que a morte não invente esforço.
Que pouse quieta sobre o nosso dorso,
Sem sacudir nossa estrutura óssea.