Motor.

A minha infelicidade

é que nunca serei poeta de verdade

dedico toda minha força aos primeiros versos,

e os outros parecem ornar submissão.

E mais uma vez lembro-me do motor ligado,

que esquenta para sair e viajar até o outro lado.

Esquenta e eu espero fria.

A garoa já corroeu meus últimos pensamentos do dia.

Ao bater na porta cá espero alguém abrir,

meu frio é compartilhado com o olhar de quem de dentro vem,

deveria o calor ser intenso e capaz de me reanimar.

Justamente o contrário se dá:

e, em meio a gélidos olás,

tenho a impressão de que o motor continua a rodar

Jéssica Orth
Enviado por Jéssica Orth em 22/04/2015
Reeditado em 12/05/2015
Código do texto: T5216902
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