Soneto multicor
E porque não te olhar, se te preciso.
Que tanto tem o rumo sem amar.
A língua doce que extrapola o tímpano:
o jeito torpe teu de me emboscar.
Que graça tem a vida se preciso
de um porto leve e calmo pra morar,
mas se te encontro há febre no sorriso,
coisas assim que são de se entristar.
E se decoras, por fim, nossos desejos,
que versam o dorso teu nos azulejos
pautando às horas nuas, o passar
serão por falsos versos multicores,
se dos teus olhos fiz os meus licores
e do amor o meu embriagar.