Soneto do poeta
Nas amarelas páginas de um caderno mofado,
O autor escreve um verso com a mão trêmula.
Para ele, verso é o lirismo em palavra transformado
E na folha escrito. É poesia que sua história recapitula.
Ele não se achava poeta, mas apenas abstraído.
Pois a poesia encontra quem vagamente perambula
Pelas estradas sinuosas da vida. E ele fora flechado
Pelo arqueiro divino que andava decidido
A encontrar quem ouve a voz da estrela.
A caneta treme a cada traço grafado
E, no silêncio da madrugada, a mácula
Deixada pelo lápis no papel amarelado
Cria um ruído que comove e estimula
Aquele que com ele escreve, comovido.
*Texto selecionado para integrar a 31ª Revista Gente de Palavra, de Porto Alegre-RS.