SONETO DO ÓCIO CRIATIVO


Eu gosto do trabalho de criar
Fico horas tecendo. Silenciosa
Letras e rimas p'ra os versos formar
Na amplidão de uma noite misteriosa


Assusto-me com um chamado ao longe:
_ Não sabes que precisas descansar?
Vejo um vulto diáfano feito um monge
Levanto e digo sem pestanejar:


_ Este ato para mim é curativo
Exercito o descanso da matéria
Embora o pensamento esteja ativo


É amor este modo laborativo.
Da fome de criar mato a miséria
_ Um exemplo do ócio criativo

Madalena de Jesus

 


“Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção
entre o seu trabalho e o seu tempo livre,
entre a sua mente e o seu corpo,
entre a sua educação e a sua recreação,
entre o seu amor e a sua religião.
Distingue uma coisa da outra com dificuldade.
Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça,
deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo.
Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo”
(Domenico de Masi, O Ócio Criativo).
 
“Ócio: 1. Descanso do trabalho, folga, repouso;
2. Tempo que se passa desocupado; vagar, quietação, lazer, ociosidade;
3. Falta de trabalho; desocupação, inação, ociosidade;
4. Preguiça, indolência, moleza, mandriice, ociosidade;
5. Trabalho mental ou ocupação suave, agradável”
 
(Verbete do Dicionário Aurélio)