A DENGUE DA PAIXÃO
 
Meus dias são contas de um rosário,
Desfiadas em um claustro de solidão,
Na intimidade de um pobre santuário,
Onde se isolou o meu triste coração.
 
Nele só existe um único altar postado,
Onde a padroeira é aquela divindade,
Que foi diva, mas não foi canonizada,
Porque não era uma santa de verdade.
 
Entretanto, como nela eu sou crente,
É só para ela que eu tenho que rezar,
Para que cure o meu coração doente.
 
Já que só ela poderá fazer essa graça,
Pois que foi pelo contato do seu olhar,
Que peguei u'a dengue que não passa.