Mentira Noturna

Minha voz, não atesta o que sinto.

Se assim fosse eu seria mais mudo,

Mudaria o meu tom verbo e um tudo,

Só diria o silêncio, que eu minto.

Em meu rosto o olhar tem um cisco,

E esquecido e, por mim maltratado,

Tão noturno, escorrido incrustado,

Nada mais, que um simples rabisco.

E só escreve o que diz, nada além,

Ou reflete o que, em tudo, ignoro:

O castelo em que não mais eu moro,

Sem ter reza, a oração ou um amém.

Meu olhar, que já não lhe apetece,

Mente o dia, no entanto, anoitece.

Amargo
Enviado por Amargo em 09/06/2007
Reeditado em 06/01/2009
Código do texto: T520220
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