Mentira Noturna
Minha voz, não atesta o que sinto.
Se assim fosse eu seria mais mudo,
Mudaria o meu tom verbo e um tudo,
Só diria o silêncio, que eu minto.
Em meu rosto o olhar tem um cisco,
E esquecido e, por mim maltratado,
Tão noturno, escorrido incrustado,
Nada mais, que um simples rabisco.
E só escreve o que diz, nada além,
Ou reflete o que, em tudo, ignoro:
O castelo em que não mais eu moro,
Sem ter reza, a oração ou um amém.
Meu olhar, que já não lhe apetece,
Mente o dia, no entanto, anoitece.