O Meu Nirvana (Augusto dos Anjos)


No alheamento da obscura forma humana,

De que, pensando, me desencarcero,
Foi que eu, num grito de emoção, sincero
Encontrei, afinal, o meu Nirvana!

Nessa manumissão schopenhauereana,
Onde a Vida do humano aspecto fero
Se desarraiga, eu, feito força, impero
Na imanência da Idéa Soberana!

Destruída a sensação que oriunda fora
Do tacto - ínfima antena aferidora
Destas tegumentárias mãos plebéas -

Gozo o prazer, que os anos não carcomem,
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Idéas!



Nota:Para ouvir este soneto recitado, clique no link abaixo:

http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/65391
Augusto dos Anjos
Enviado por Ariadne Cavalcante em 09/04/2015
Reeditado em 13/05/2015
Código do texto: T5200735
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.