OBSCURIDADE E POESIA

“Homenagem a Herberto Hélder”

“Meu Deus, faz com que eu seja um poeta obscuro!”

Será que o lídimo poeta cria em Deus,

Sabendo bem o quanto escrever era duro

Sendo poucos os que liam versos seus?

Toda a escrita gerada pela excelsa lira,

Cuja ténue fronteira entre prosa e poesia

Qualquer leitor atento a descobre e admira

Num patamar de praia em pasmos de agonia…

A própria confissão do poeta fica obscura,

P´ la contingência do seu horizonte baço,

Num país onde medra e bem a incultura

E onde a Arte se evapora passo a passo.

O seu grito sincero é gémeo do silêncio

Paredes-meias com a fiel constatação

De que o mundo poético, qual vazio imenso,

Nunca lhe sustentava a identidade, não.

Se a escrita herbertiana é uma fortaleza,

Devido à perfeição da arte que contém,

Ela é poesia, ela é prosa, ela é certeza

E é Virtude que voa sempre mais além!

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 07/04/2015
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