O MEU FOLAR DE SONHO
“Páscoa 09, 2015 - no Zoo de Lisboa”
Em tarde solarenga e primaveril
Não me dêem doçarias de enjoar
Que o doce sabe a pouco neste Abril
Numa terra em que há flores a fartar.
“Sonhei borrasca neste céu de anil
Num antro de ladainhas a ecoar
Vi certos figurantes de rosto hostil
Com cravos na lapela a destoar…”
Senti amargo o meu folar de sonho
Descido da montanha empertigada
Deste País que é livre mas tristonho
E que pariu um rato de madrugada.
Não sei se é visão de penas minhas,
Na qual se vêm cravos mascarados,
Mas um vazio de negras andorinhas
Faz-me um sinal de sonhos enjeitados.
Por não haver anéis sobram as dores
Venha pois um folar, sim, mas de flores!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE