A CEIA DOS MAIORAIS
“Páscoa 06, 2015”
À revelia dos incautos depositantes
Que sonhavam lucrar chorudos capitais
Surgiram à socapa espertos comensais
Que açambarcaram seus milhões esfuziantes.
Tudo certinho, tudo às claras, garantido
Por gente boa, gente esperta e delicada
Tal foi, por entre hossanas, ceia mascarada
Que em breve se esvaiu num logro foragido.
No canto da sereia toda a gente embarca
E um louco rol de subterfúgios sem demora
Fez que se abrisse a negra caixa de Pandora
Que o vento esvaziou deixando a sua marca.
Não houve tempo para novas iguarias
Mas, sim, aquele tempo de trevas e sinais
Ficando, à sombra desta ceia de Maiorais,
A seta na garganta de tristes minorias.
Ó tirânica gente, sem alma e sem valores,
Nem com um trivial perdão de lava-pés
Escondereis toda a miséria no convés
Da vossa infernal barca pintada de horrores!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA