O milagre


A voz brônzea do sino badalava
Três horas da tarde manifesta
Anunciando as bodas, uma festa,
Um casamento enfim, anunciava;

Em seu quarto ao ouvir que declarava
Uma donzela assim a hora funesta
Soluçando pensou – nada me resta,
Desta vida que só me fez escrava;

E pedindo aos céus perdão, clemência,
Ainda no frescor da adolescência
Destampou o veneno logo então;

Mas o frasco no chão fez-se em pedaços
Quando por milagre ao erguer os braços
E de joelhos, pedir perdão, perdão...!



 
Allves
Enviado por Allves em 31/03/2015
Reeditado em 06/02/2020
Código do texto: T5189954
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