SONETO À CONFIANÇA

A confiança é clara e pura, como a água cristalina,

É duro diamante, no qual não pode haver ranhura.

E se um dia trincada, dissolverá qualquer aliança,

Jamais haverá, em seu conserto plena segurança.

O confiante precisa senti-la - com muita esperança,

Pois nela não deposita, uma qualquer desconfiança.

E no dia em que o crédito e a firmeza lhe vier faltar

A sua governança e a majestade também perderá.

É tão árduo e laborioso tal sentimento construir,

Muito tempo é necessário para a mesma eclodir,

Mas tão melindrosa - que inverdades a fará ruir.

Sua singularidade é tamanha que leva-me a refletir:

Temos que cuidá-la por inteiro, sem deixá-la ferir,

Pois, só uma vez a teremos ou a deixaremos partir.