SUSSURROS DO BARULHO
O cheiro doce do sal negro cotidiano,
aspirado dos mares agitados; mundano,
lambuza a alma nômade dos corpos inebriados,
provocando desvios tristes, inapropriados.
Lamentações estridentes, som mediano
ecoado pelo vácuo das cordas de um piano
pervertido por notas más, vil, alquebrado;
curvado pela reta do egoísmo aloprado.
Neste diapasão frenético os sons tocados
preferencialmente são: guerras, corrupção,
desamor, dor moral; apreciados, bem dançados.
Legiões de criaturas marcham num baralho
sem Reis e Damas, suplicando a Deus: paz, oração,
perdão; usando somente os sussurros do barulho.
Fortaleza, 21 de março de 2015.