Necrofilia
Eu sei, pelo teu corpo o meu anseio é bruto
E vem alimentando uma patologia:
De ter uma paixão feito parafilia,
De te adorar a carne e te prestar um culto.
Adoro no teu sexo o trejeito arguto
A profanar a fé da minha idolatria.
E a tua vulva, embora em plena letargia,
Não me permite a dor nem me concede o luto.
Não ouço o teu gemido intercalar-se ao meu,
E o fogo do teu corpo a gelidez lambeu.
Mas tens em teu olhar tão sensual tristura
Que eu gozo do prazer de ver teu corpo aqui
- Vazio do tesão de quando o conheci -
Como um cadáver nu aos pés da sepultura.