VIRULENTO

VIRULENTO

Não foi uma nem duas vezes que ele,

Um outro amargurado já sem sorte,

Sentiu o sanguíneo hálito da morte,

Que friamente lhe roça a nua pele.

Pois -- muito embora a sua fronte gele

E, cada vez mais rápido e mais forte,

O coração tão-só a dor reporte --

Vocifera-se angústias a este e aquele.

Ele espera, talvez em vão, a Hora.

Observa-se que tudo quanto adora

Leva consigo n’uma mágoa imensa.

Eis o pior d’entre os homens: O ofendido!

Sim, aquele que quando agredido

Ensimesma-se sob a dor da ofensa.

Betim - 05 08 2014