Página rasgada
E o vento varreu a poesia
das páginas do livro de poema.
Cada rajada fez mudar o tema
e eu não pude ler como queria.
Saí voando junto à ventania
como se fosse página rasgada.
E até hoje niguém sabe nada,
nem do poeta que nela escrevia.
E a poesia aplacou o vento
à brisa morna de um pensamento,
que expirou na página final.
Aí eu pude enfim ouvir um verso,
feito lamento dum vento reverso,
abandonado pelo vendaval.