Juriti
JURITI
Que belo canto tem a Juriti,
Ave formosa que saudade traz,
Da doce infância que um dia vivi,
Nos idos tempos de remota paz!
Dourada infância que passou fugaz,
Enquanto eu vivo, solitário aqui,
Vives cantando, bela e tão vivaz,
Lembrando tudo que deixei ali!
Ao fim da tarde, quando o sol já desce,
De longe escuto teu arrulho em prece,
Chamando o amado com tanto dulçor.
Ave formosa, dócil passarinho,
Volta depressa para o antigo ninho,
"Não me despertes para nova dor".
(Esta é a Juriti. A ave de canto melancólico, que marcou fundo a minha infância na Fazenda Ribeirão e inspirou este soneto.)