SAUDADE
SAUDADE
Não te posso escrever senão a dor,
Que tu me causas por estares longe.
Desde que foste, vivo como um monge
Ensimesmado em dúvidas e ardor.
Mas a falta que sinto fica maior
À companhia só d’um amor longe:
Nua pele que embora há tanto esponje,
Ainda te retém o cheiro e o suor...
Eu fico aqui tão-só a recordar
E, por força de muito imaginar,
É como se sentisse a tua mão.
Logo passa, porém, o doce enlevo...
E ora o único lamento a que me atrevo
São esses versos sós na escuridão.
Betim - 08 05 2011