NOSSO NINHO
Cai a chuva tranquila neste dia,
E com ela o silêncio de um sacrário.
Tomo coragem e abro o relicário,
E ao teu retrato faço companhia.
Recordando um passado de alegria,
Flutuo assim, feliz com meu fadário,
Esquecendo que sou um solitário,
Vivo momentos de eternal magia.
A chuva diminui e logo passa,
E ao guardar teu retrato sorvo a taça
Da tristeza de estar sempre sozinho.
Daria tudo para estar contigo,
Mas o destino deu-me por castigo,
Viver sofrendo em nosso próprio ninho.