PAUPÉRRIMOS

PAUPÉRRIMOS

Se nada me dás, muito pouco tens!

Quanto a mim, tudo o que tinha te dei...

E ainda assim vazia bem te sei

Toda oportuna vez que me vens.

Sei ser pródigo aquele cujos bens

Logo esbaldou, vivendo como um rei.

Eu, porém, tanto quanto esperdicei,

Pois tu, por infeliz, nada reténs.

Iguais, tua ambição e meu desejo.

Por insaciáveis têm nos impelido

Quão incansáveis têm nos destituído.

Nossa miséria é tal que nada vejo

Senão que ora somados somos menos:

Juntos, os dois tão pobres; tão pequenos! ...

Belo Horizonte – 21 12 2014