Fênix
Edir Pina de Barros

 
Eu sou erva daninha renascida
nas gretas do cimento e dos rochedos,
pois ruminei a dor, bebi meus medos,
lambi o próprio sangue da ferida.

Eu me encontrei depois de andar perdida,
e padeci meus íntimos degredos
busquei-me entre meus vultos, arremedos,
(tornei-me pedra que ninguém lapida),

Eu aprendi que a dor não me degrada,
depois de andar tão só, desesperada
um seixo dentre seixos, uma pedra.

Porque sangrei na ponta de uma adaga
tornei-me bem mais forte do que praga,
renasço, indócil, onde o nada medra.

Brasília, 05 de Março de 2015.


Sonetos selecionados, pg. 15
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/03/2015
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T5160002
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