ALGEMAS PÁSSARAS

Avisto algemas de asas neste achaque

que enfada meu sombrio pensamento;

rodando às vezes rápido, ora lento,

volitam ameaçando bruto ataque.

E frente a tal voejo incerto, horrendo,

entrego o peito ao gozo do azorrague

do medo que talvez a algemas vague

e pese em suas asas derretendo.

De súbito percebo-me algemado

enquanto apanho até sangrar o brado,

sentindo o fluido abaixo dos joelhos.

Ferido em meu limite, o brio em brasas

concede vida ao sangue, veste as asas;

e algemas viram pássaros vermelhos.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 03/03/2015
Código do texto: T5156926
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