Cá em mim

.:.

Antes que de mim o amor escape

e que de tuas mãos eu receba o fim.

Mato-me a mim mesmo, a mim,

num descuidado instante, num disfarce

Qu'eu me despoje deste disfarce, sei que queres,

pois tuas mãos esculpiram este rosto

que agora morre triste do desgosto

por não mais ser desejado – pobre alferes!

Matar-me por causa de ti, mulher esnobe.

Imaginas mesmo isso cá em mim?

Eis o homem que não morre, não há fim!

Mas tuas mãos, doce escultora, insidiosa mulher,

são pétalas de ígnea rosa, crepúsculos de malmequer,

que me aprisionam, por ti morro: esquecido e pobre.

.:.

Fortaleza, 02 de novembro de 2002.

01h23min

Do meu livro 'Anversos de um versador'

.:.