MORTO-VIVO

MORTO-VIVO

Desde aquele dia eu me sinto assim,

Como se vivo por simples acaso.

Pois sim, na mira d’um soldado raso

Quase que, inadvertido, vi meu fim.

É falso se dizer então de mim,

Que fora corajoso ou de bom azo;

Verdadeiro somente é que me aprazo

Em cada olhar que deixo, agora e enfim.

“Podia ter morrido. É... Estar morto!”

Digo, às vezes, mas sem qualquer conforto,

Senão de que, apesar do outro, estou vivo.

Embora eu me perceba diferente,

Pois, repetidamente, a Hora revivo

Vejo o inimigo armado à minha frente.

Betim - 23 07 2014