Lânguidez
Vejo o sol nascer todo santo dia,
E também observo o seu ocaso;
Vejo com um misto de descaso,
Pois minha vida é sem ousadia.
Vivo quieto e jamais crio caso;
Consciente da minha covardia,
Eu optei por viver em desídia;
Jamais que conto com o acaso.
Só trens é que correm na linha,
Mas eu, que sempre me planejo,
Vivo a retidão de um coroinha.
Sendo assim, eu perco o ensejo
De ser como um galo de rinha,
E me isolo de qualquer desejo.