SONETO DA ABSTINÊNCIA
A libido em cárcere, volúpia estacionária
O olor lúbrico, não se emana, esvair-se num vácuo
Na carne repousa a castidade involuntária
A vida fugaz no seu curso soa a prazer inócuo
Corpo frio reina a abstinência álacre
A solidão pungente, estado de humor acre
No leito oculta-se o ser triste: crise latente
Eis a própria renúncia física iminente
A sexualidade transfigura-se; mera utopia
O ser oposto não apetece, só traz o quebranto
O varão veraz frustrado perfaz-se a agonia
Queres o amor recíproco, mas só contemplas o escárnio
Recusa-se o desejo banal, o copular insano
A mulher inteira,além do corpóreo:é seu obstino