SONETO DA ABSTINÊNCIA

A libido em cárcere, volúpia estacionária

O olor lúbrico, não se emana, esvair-se num vácuo

Na carne repousa a castidade involuntária

A vida fugaz no seu curso soa a prazer inócuo

Corpo frio reina a abstinência álacre

A solidão pungente, estado de humor acre

No leito oculta-se o ser triste: crise latente

Eis a própria renúncia física iminente

A sexualidade transfigura-se; mera utopia

O ser oposto não apetece, só traz o quebranto

O varão veraz frustrado perfaz-se a agonia

Queres o amor recíproco, mas só contemplas o escárnio

Recusa-se o desejo banal, o copular insano

A mulher inteira,além do corpóreo:é seu obstino

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 25/02/2015
Código do texto: T5150291
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