FINGIMENTOS

FINGIMENTOS

Este mal-d’amor que sinto se poeto,

Eu finjo sentir qual mentem as moças.

Quisera assim não fosse, mas insossas

Ser-me-iam as palavras do soneto.

E, se finjo que sinto ou que me inquieto,

É porque as dores d’elas são tão nossas

Que, malgrado fingidas, gotas grossas

Teimam em rolar pelo mais correto.

Verdadeiras as vezes que amo ou não.

Se o amor, quer sentimento ou sensação,

Está escrito em versos bons de poema.

Sintam moças e finja o poeta, ou o inverso.

A mentira que conto tão perverso

É justo uma verdade que blasfema.

Betim - 11 08 2014