ESPELHO D’ÁGUA
ESPELHO D’ÁGUA
É belo, onde o palácio alto se espelha --
O modo como o narciso se debruça
Ao vento, em divertida escaramuça,
Sobre as águas d’alguma história velha.
Alvo leque à corola tão vermelha,
Suas pétalas têm algo que aguça
O olhar face à memória se esmiúça
A verdade que em tudo lhe assemelha.
Passeio pelo jardim que não possuo,
Muito embora me veja em quanto vejo
Refletir-se à luz vã do meu desejo.
De sorte que a beleza que usufruo
Me dá, portanto, tudo que preciso
Espelhando palácio, luz e narciso...
Betim - 19 02 2015