PAZ
PAZ
Estrelas, através do véu da noite,
Parecem a furar como a um lençol.
São só cativos que, livres do sol,
Vêm luzir antes que outro céu se afoite...
Hoje, inobstante, nem sequer o açoite
Do vento nos pinheiros, ao arrebol,
Pôde então demover o rouxinol
De mais chilrear alhures entrenoite.
De facto, aquela era uma hora tranquila,
Na qual cada lembrança se perfila
Para ser revivida na memória.
E isso foi o mais perto que da paz,
N’uma apressada vida, eu fui capaz:
Pequeno, sob o céu aberto em glória.
Betim - 10 09 2014