VÔOS
Solitárias horas escrevendo cartas sem remetente.
Criam asas os pensamentos desta pomba errante.
Pousam em teu corpo desnudo, bêbado e ofegante.
Neste momento és meu por inteiro, freneticamente.
Falta amor nesta tua vida cercada por abrolhos.
Rochedos imóveis, impassíveis, mudos, calados.
Frias criaturas, sem açúcar, tão superficiais
Que não te trazem paz, carinho, são banais.
Para dar vazão ao sentimento, á libido
Faço vôos imaginários para estar contigo
E se preciso for vou ao inferno ou ao infinito.
Só assim podemos ficar juntos,
Em vôos alucinados no escuro,
Mesmo que sejam proibidos!