COSTA MORENA

COSTA MORENA

À semelhança d’uma curva extrema,

Descrita com sinuoso arco e contra-arco,

Mas navegada à mão, e não por barco.

Assim, mareado, oscilo ante o dilema:

Se princesa a cingir-se alto diadema;

Se outro litoral que nos mapas marco;

Como hei-de definir o que não abarco?

Tão bela... Exista ao menos n’esse poema.

Costa morena... Aonde o amor nos leva.

Bicurvelínea praia, dorso de fêmea;

Beleza nua, pois, verdade gêmea!

Tão perto... Muito embora não me atreva

A costear a Natura que, intocada,

Guardou-se prêmio à minha só jornada.

Betim – 30 07 2014