CONTRA O SOL

CONTRA O SOL

Em marcha contra o sol que no horizonte

Jaz e faz cerrar meus olhos sob raios.

E eis-me capaz de poemas ou de ensaios,

Só por seguir em frente ao arder a fronte.

Acompanho o declínio trás-o-monte

Arrastando céus d’ouro qual lacaios

D’um imperador, cujos vãos desmaios

Figurem no arrebol que após desponte.

Às vezes, é preciso saber a hora

De quando dar um basta ao amor e à dor;

Deixar toda ilusão ir-se embora.

Assim entendo a senda do amador:

Sem desviar o caminho e o olhar, agora,

Ir de encontro ao sol quase a se pôr.

Betim – 05 07 2014