Prelúdio em solidão

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Tuas mãos, agora, ao desnudarem teu corpo, revelam tua tez;

e de onde me encontro imagino tuas formas, criando minha própria tela.

Sou míope e não posso romper a barreira da janela,

mas meus olhos, fechados, vislumbram tua nudez.

As peças mais íntimas já saíram de ti – estão soltas no chão.

Tenho ímpetos de gritar, sair daqui – livrar-me da solidão,

mas meus olhos fechados não me permitem pensar:

paralisam-me, excitam-me, e me fazem sonhar.

Mãos minhas... Tuas mãos...

Que dizer desta peça em quatro mãos,

de um maestro atrevido movendo a baqueta?

O espetáculo...: Parar a retreta!

Que maldade privar o maestro vibrante no êxtase da regência...

Ah que gostoso... Em fim a salutar deferência.

Fortaleza-CE, 23h02min