Ausência

.:.

A excitante ausência dos raios de luz;

Não me dá, tenho medo, perfeita visão.

Mas os olhos, não os da face, os do coração;

Guiam-me ao seu encontro – o amor os conduz.

Que rosto meigo, lindo, e que pela macia!

Parece esconder uma tímida fêmea, uma felina;

Que por mais forte que pareça, é dócil, é menina;

Teimosa, atrevida, atirada? Pode ser, não parecia.

E esses seios danados desafiando a gravidade?

Deixam-me louco, arrepiado, suspirando: que maldade!

Mas que fazer se a natureza os quis assim!...

Quando os vejo e os observo... Tenho ímpetos de animal;

Esbravejo, choramingo... Acabo passando mal...

E depois de muitos lamentos eu imploro: dá pra mim!

Fortaleza, 02 de fevereiro de 2002.