CAFUNÉ

CAFUNÉ

Enquanto escuto o som de tua voz

Acalentar-me o sono para o sonho,

Esqueço que estivera tão tristonho,

Tendo extrema saudade por algoz.

Pois, solitários, não estamos sós:

Aceitar nosso fado, embora medonho,

É algo de que não me envergonho,

Porque somos metades vãs de nós...

Em teu carinho, eu tenho quanto sou

E, a um pouco do que és, eis que me dou

Por mais profundamente ser tocado.

Não apenas com mãos ou suaves sons,

Sim por inexplicáveis outros dons,

Que põem o coração tão serenado.

           Betim - 30 01 2015