O CARRILHÃO DO MEU AVÔ
O velho carrilhão marcava os dias,
Marcava nossas horas de alegria,
Marcava maus momentos e tristezas,
As horas de ansiedade, as incertezas,
Os muitos desencontros de uma casa
E tudo que hoje jaz na cova rasa
Do esquecimento longo e necessário
Fluindo em correnteza, como um rio.
E em todo o tempo o som do carrilhão,
Sonoros tons solenes da ilusão
A que chamamos tempo, no seu voo
contínuo, em busca só do esquecimento,
Tal como agora vão na voz do vento,
O riso, o gesto e a voz do meu avô.