A BOCARRA
A BOCARRA
Aquela boca enorme e cheia de dentes,
Que ela me exibia às gargalhadas,
É uma d’essas coisas que lembradas
Se revelam irreais e surpreendentes.
Visto que até os mais indiferentes,
Face a maneiras tão exageradas,
Se rendiam e riam de mãos dadas
D’umas extravagâncias indecentes.
Não se via a mulher, a boca apenas!
Duas largas fileiras rebrilhantes
Emolduradas por lábios triunfantes.
Iluminava assim horas amenas:
Feliz além da conta e alheia a modos...
Sim, senhora de si; dona de todos.
Betim - 22 07 2014