Agridoce
Maldito é aquele cujos olhos não conseguem – ao perceber a alegria – deixar de ver ali também o quanto a dor (sempre nova, ainda que antiga), há nos contornos da beleza. Rodivaldo Ribeiro.
Maldito aquele que não vê a dor
que habita em cada réstia de alegria,
a lágrima que, em si, já prenuncia
silente feito um santo em seu andor;
a mesma velha dor sentida um dia,
mas renovada a cada novo amor,
que fere mais que açoite de feitor,
e causa, dentro em nós, mortal sangria.
Não há como fugir da finitude
de um grande amor em sua plenitude,
nem evitar a dor – que é o seu devir.
O amor, sempre agridoce desde a origem,
é fogo que produz, também, fuligem,
navalha sempre em riste, a nos ferir.
Brasília, 03 de Fevereiro de 2015.
Absinto e Mel, página 83
Sonetos selecionados, pg. 119
Maldito é aquele cujos olhos não conseguem – ao perceber a alegria – deixar de ver ali também o quanto a dor (sempre nova, ainda que antiga), há nos contornos da beleza. Rodivaldo Ribeiro.
Maldito aquele que não vê a dor
que habita em cada réstia de alegria,
a lágrima que, em si, já prenuncia
silente feito um santo em seu andor;
a mesma velha dor sentida um dia,
mas renovada a cada novo amor,
que fere mais que açoite de feitor,
e causa, dentro em nós, mortal sangria.
Não há como fugir da finitude
de um grande amor em sua plenitude,
nem evitar a dor – que é o seu devir.
O amor, sempre agridoce desde a origem,
é fogo que produz, também, fuligem,
navalha sempre em riste, a nos ferir.
Brasília, 03 de Fevereiro de 2015.
Absinto e Mel, página 83
Sonetos selecionados, pg. 119