Arte by Anna Paes
Baixios
Eliane Triska
Cheias da noite... Ausência das vazantes,
A que sucumbe o ermo coração,
Sob os olhos (dois pálidos mirantes)
Que tudo vai passando sem razão...
No baixio, as estradas miseráveis,
Sem água e às escuras... Como explica
A noite sumir tudo? Que mãos hábeis!
Um dia tudo vai e tudo fica...
Por esse mundo é que eu padeço assim,
Num vão desassossego, a toda hora,
Que trilho, aonde o nada encontra o fim.
Ainda sinto a dor de ser ferida:
Foi posta no meu peito e se demora
Presa à boca do meu verso suicida.
Canoas, 02 de janeiro de 2015