SONETO-MÚMIA, NUNCA MAIS
“Aos poetas da Aventura”
Quando eu te vi pela primeira vez,
Seiscentos anos feitos na memória,
Foste p´ ra mim mister que satisfez
A versejar poemas - longa história.
Em Miranda viraste português,
Naquela letra que cresceu notória,
E cantaste com Camões de lés-a-lés
Vivendo agora em magra trajectória.
Foram parcos os frutos da colheita
Pois que te viste triste e amordaçado
Pelos catorze versos do sistema.
E, se a tua vontade não se endireita,
Estagnando num antro de exilado,
Terminarás um dia em chaga extrema.
Deixa, ó Soneto, evaporar teus ais…
Pois que “soneto-múmia” nunca mais!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA