ALTO RETRATO

Pincéis limpos, olhos bassos

Tudo o que fui o devia ter sido

Desfeito em cinzas de um cigarro apagado

Pedaço de sonho, diluído em perfume barato

Gavetas vomitando uma história perdida

A luz fria contornando a aridez e o cansaço

Me desenho como sou, o inverno, o descaso

Alicerce forte de cume corroído

A cabeça explodindo, o corpo alquebrado

A fúria e a musa me tomam de par

Perdido em estrelas, sem rumo, sem lar

Num quarto, na chuva, buscando medida

Componho de mim, meu alto retrato

Distante que sou, do fundo onde estou

P.S.: Soneto invertido, para ser lido em dois sentidos.

Mah Mendonça
Enviado por Mah Mendonça em 23/01/2015
Código do texto: T5112017
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