Falecido
Falecido
(Soneto de Versos Estóicos)
Tal como um mendigo, estático, à espera…
Que venha a bondade entregar-se em mão;
Na forma de bem, na forma de pão,
Ainda aqui estou na minha cratera!
Tornaste-te pétrea e sem coração,
Numa Mulher linda, amarga quimera;
Ausente resposta e não mais sincera,
Que ao não existir penetra esporão.
Sou o teu pedinte e tu nem me escutas!
Ou se acaso sim, então sou ruído…
Gangrenado membro, aquele que amputas.
Amor em androjo e já apodrecido,
Assim tu me vês enquanto matutas,
Se me hás-de dizer que estou falecido!
André Rodrigues 14/1/2015