SONETO DO AMOR DISTANTE
Vem o pranto escondido, receio de sentir
O amor platônico, a crescer em mim
Ausência de alguém que não consigo fugir
Delírio abrasivo a cessar na ilusão, enfim
A solidão, cúmulo da continência, perdura
Num vácuo de palidez e angustia inefável
Romance, subterfúgio ao enlouquecer provável
O suprassumo do existir que a alma procura
Oh “mal-do-século” ingrato a vida me imputa
Tento depurar meu ser do gostar imaturo
Mas escravo, embriago-me de envolvente cicuta
Eis o ser incorrespondido, no murmúrio inglório
A transformar a amada num querer pictórico
Por tal devoção, lastimo-me com tanto apuro